preocupadas com a evasão de jovens ou mesmo com o objetivo de
“modernizar” os cultos, algumas igrejas estão introduzindo alguns ritmos
como o forró gospel, funk gospel ou mesmo o arrocha gospel.
“Não é pecado dançar na igreja”, diz o compositor Tonzão, ex-membro
do grupo de funk Hawaianos, que se converteu na Igreja Assembleia de
Deus dos Últimos Dias e criador do “passinho do abençoado”. A letra da
música diz: “Se no mundo eu cantava e dançava – foi assim que tu me
conheceu – agora a mesma coisa eu vou fazer pra Deus. O mistério é
profundo, acho bom ficar ligado – No passinho do abençoado”. Os fieis
dançam ao som da música com passos típicos do funk, fazendo a igreja se
agitar ao som da percussão marcada.
De acordo com artigo de Johnny Bernardo, publicado em seu site, o
mesmo fenômeno acontece em igrejas de Minas, que por sua vez adotam o
ritmo do forró. “É algo comum em Minas Gerais”, revela um pastor da
cidade de Betim, que não quis se identificar.
Segundo o líder religioso, enquanto os obreiros cantam o forró gospel, crentes pentecostais
e tradicionais, entre eles os batistas, dançam animadamente nas
reuniões religiosas. Em um dos cultos da Igreja batista Shamá, a banda
Forró Átrios levou os crentes ao delírio quando entoou a musica “Sabor
de Mel”.
Também a igreja Casa de Oração Para Todas as Nações, de Mutum (MG)
realizou em setembro de 2011 um congresso onde foram tocados vários
ritmos da música brasileira, animando e sacudindo os fiéis presentes.
Uma das fortes influências apontadas para o surgimentos de ritmos
populares nos cultos é o modelo implantado pelos pastores Bruce L.
Bugbee, fundador da Network Ministres International, e Bill Hybels – da
Willow Creek Community Church, com sede em Chicago. Esses líderes
notaram a diminuição do número de jovens em suas igrejas e decidiram
trazer para os púlpitos ritmos conhecidos da juventude norte-americana,
como o rock’n’roll. Em pouco tempo a Willow Creek alcançou a marca de
15.000 membros e já é considerada a segunda maior igreja evangélica dos
EUA, sendo comumente citada como exemplo de crescimento.
Mas a estratégia para entreter a atrair fieis por meio de ritmos
populares não é unanimidade entre os pastores. A substituição da
liturgia tradicional levou muitos a classificarem as modernas músicas e
ritmos apresentados nas igrejas como “show gospel”. Nos EUA, a Willow
Creek Community Church é conhecida como “igreja do entretenimento”. E no
Brasil, o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil proibiu em
janeiro de 2011, o uso da dança nas reuniões litúrgicas.
Outras denominações agiram restringindo a dança em seus cultos como
forma de preservação da doutrina e da liturgia religiosa. Um dos
problemas apontados por observadores e estudiosos é a associação da
dança à sensualidade.
Segundo Milena dos Santos, 21, frequentadora da Igreja Batista do Rio
Sena, entrevistada pelo grupo de estudo Impressão Digital 126, da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) “é difícil, sim, aliar as letras
gospel com determinados ritmos porque o fiel pode se empolgar e fazer o
passo, mas que não é impossível”. Para ela, isso “depende de cada um”.
Já o vocalista da banda de pagode gospel Expressão do Louvor, Ju,
acredita que é possível dançar todos os ritmos sem lançar mão da
sensualidade, tendo a consciência de que Deus está observando. “Todos
podem dançar como quiserem, mas, sabendo que vamos ter que prestar
contas a Deus de tudo o que fizermos, então, para mim é só dançar com a
consciência de que Deus está vendo tudo e que não é agradável dançar com
passos que valorizem a sensualidade”.
A questão divide opiniões e promete levantar polêmica entre líderes,
denominações e crentes frequentadores das igrejas. E você, o que acha
dos ritmos modernos e da dança nas igrejas? Deixe sua opinião!
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