O teólogo Ruy Marinho publicou em sua coluna no Gospel+
um artigo no qual discute sobre a tradição seguida por algumas
correntes evangélicas que defendem a ideia de “amarrar” demônios. Forte
principalmente no meio pentecostal, a tradição se enraizou no meio
evangélico brasileiro, de forma que “virou até jargão para situações difíceis do cotidiano dos crentes”.
- Trata-se de um ato místico, no qual o cristão supostamente exerce
um poder sobrenatural para “amarrar” demônios e até mesmo a Satanás. Em
muitos cultos nessas igrejas, os demônios são amarrados antes, durante e
depois, para que o mover de Deus possa fluir sem interferência –
explica Marinho, que explica que esse tipo de frase é muito utilizado
pelos ministérios de batalha espiritual e libertação e que tem grande
peso, principalmente, em igrejas adeptas da teologia da prosperidade e
da confissão positiva.
- Nos cultos específicos de libertação acontece um festival de
amarrações, até mesmo entrevistas com demônios são feitas – diz o
colunista. Ele diz ainda que esse tipo de ação na verdade dá crédito ao
“pai da mentira”, em referência a Jo 8:44.
Marinho afirma que “o nível místico é tão alto que alguns chegam até a
amarrar supostos demônios do vício, da prostituição, da glutonaria, do
egoísmo etc., afirmando que tais comportamentos são causados por
demônios, tirando completamente a responsabilidade humana atribuída aos
desejos pecaminosos da carne (Gl 5:19-21)”.
Ele afirma que a exemplo dos bereianos de Atos 17:11, devemos analisar se esse costume é respaldado pelos ensinamentos bíblicos.
De acordo com Marinho, os defensores da amarração de demônios utilizam as passagens de Mateus 12:29 e/ou Marcos 3:27
para defender tal prática, mas ele explica que esses versículos falam
sobre “entrar no mundo, anular a atuação maligna e salvar as vidas
dominadas por Satanás”, ação executada exclusivamente por Jesus.
Ele critica também o uso das passagens de Mateus 16:19 e Mateus 18:18 para justificar que Deus confirmaria no céu as ações executadas pelos crentes.
- Este é o grande problema que vemos neste conceito “amarratório”,
pois além de distorcer o verdadeiro significado do texto, torna-se uma
afronta à soberania de Deus, colocando-o em condição de mero observador,
totalmente passivo às atitudes humanas – critica.
O teólogo conclui o artigo afirmando que “o que Cristo ‘ligou’ e
sancionou nos céus foi à autoridade dada aos discípulos, pra que eles
pudessem, em Seu nome, abrir o reino dos céus para os crentes e fechar
para os descrentes através do evangelho”, e cita Wayne Grudem para
afirmar que o padrão bíblico para repreender e expulsar espíritos
malignos é através “do escudo da fé”, pois o poder de expulsar demônios
não vem dos crentes, mas sim do Espírito Santo, bem diferente do
conceito adotado em algumas igrejas de amarrá-los e entrevistá-los.
Confira a íntegra do artigo de Ruy Marinho, neste link.
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